Pense na cena: são 2 da madrugada. Você foi dormir depois da meia-noite, já que seu bebê recém nascido não parava de chorar, mesmo estando de barriga cheia, fralda limpa e medicado para cólicas. De repente... adivinha? Ele começa a chorar novamente! E você começa tudo de novo: troca a fralda, alimenta, faz massagem e compressas quentes na barriguinha (você bem que queria medicá-lo novamente, mas o fez há poucas horas e teme uma super dosagem) , passeia pela casa, canta, e tudo isso enquanto suas pálpebras parecem pesar cinco quilos cada uma.
Várias coisas passam pela cabeça de uma mãe em um momento como este, e certamente uma delas é: “Por que eu fui engravidar? Devia ter continuado com minha vidinha de antes, quando dormia, comia e saía quando bem entendia, e não quando ele deixava.” Você já pensou assim enquanto cuidava do seu bebê? Admita apenas para si mesma, ninguém vai saber... Se a resposta for sim, não se preocupe, você é ABSOLUTAMENTE NORMAL. Se a resposta for não, isto também não é motivo de preocupação, porque UM DIA VOCÊ VAI PENSAR! Pode ser na próxima noite em que seu bebê não a deixe dormir ou daqui a quinze anos, quando você não conseguirá dormir porque novamente são 2 da madrugada e ele ainda não chegou em casa daquela saída com os amigos. É certo, é mais do que certo, que este tipo de pensamento passa pela cabeça de TODAS as mães em algum momento. E é mais certo ainda que quase nenhuma tem coragem de admitir, já que chocaria muitos e daria a impressão de que você não é uma mãe boa o suficiente, ou que não ama seu filho como deveria. Mas a verdade é que, mesmo pensando assim, você ama seu filho mais do que tudo no mundo. Mesmo questionando se ser mãe foi sua decisão mais acertada, isso não a torna menos mãe ou uma mãe ruim.
Volte à cena do início. Aquela, às 2 da madrugada, lembrou? Mesmo com suas pálpebras pesando cinco quilos cada uma, você ainda consegue olhar para baixo, para aquele serzinho nos seus braços. E é aí que todas as suas perguntas são respondidas... “Por que eu fui engravidar?”. Para ter esses olhinhos, indefesos e totalmente dependentes, olhando para você com total confiança e esperando que você lhe dê o conforto de que precisa. “Por que eu não continuei com aquela vidinha de antes?”. Simplesmente porque ela não lhe completava; ela já havia virado uma rotina sem sentido e este bebê preencheu um vazio que você nem sabia que existia.
E isto é ser mãe. Como diz o título, o maior paradoxo que existe. Você irá do inferno ao paraíso em alguns segundos, e para isto basta uma crise de choro interminável do seu bebê (inferno) ou um olhar dele mostrando que reconhece você, que sabe que esteve dentro de você por nove meses, e por isso sente-se seguro com você (paraíso). Mas pense bem, tudo nesta vida é paradoxal: o trabalho proporciona prazer e sofrimento, às vezes os dois ao mesmo tempo. O casamento traz alegrias e tristezas, tanto que elas fazem parte do texto proclamado pelos noivos em qualquer cerimônia. As demais relações de nossas vidas também são exemplos disso, sejam elas de amizade ou com a família. Até a relação com seu próprio corpo é assim, em alguns dias você se olhará no espelho e ficará satisfeita, e em outros irá sentir-se a criatura mais horrenda do universo. Por que com a maternidade seria diferente?
Sendo assim, seria muito mais fácil se todas as mães conseguissem conscientizar-se de que nem sempre se sentirão felizes com a maternidade, assim como nem sempre estão felizes com seu trabalho, seu casamento, seu corpo. Sentir isto significa que ser mãe foi uma decisão equivocada? NÃOOOO, um não bem grande e decidido. Apenas significa que você assumiu mais um dos vários paradoxos existentes na vida, com a diferença de que este é o maior e mais intenso deles. E além de tudo, é eterno.
Adorei o texto, não vejo a hora de estar com minha bebezinha!
ResponderExcluirLegal o texto e o seu cantinho também!!!
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