quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O MITO DO AMOR INCONDICIONAL

Há alguns dias meu filho passou por uma fase que confesso ter sido um tanto incômoda para mim: estava um grude com o pai. Só queria o colo do pai, chorava quando eu o pegava, e quando estava comigo estendia os bracinhos para o papai segurá-lo novamente. Incômoda não porque eu não goste de ver este vínculo que ele desenvolveu com meu esposo, pelo contrário, desde minha gravidez sempre fiz de tudo para que isto acontecesse. Mas confesso que sempre fantasiei que EU seria a figura mais amada da vida do meu bebê, que seria PARA MIM que ele estenderia os bracinhos, que seria COMIGO, E APENAS COMIGO, que ele se acalmaria quando estivesse chorando. Coisa de mãe né?
É claro que eu passei horas e horas chateada e me questionando sobre o que eu poderia estar fazendo de errado... Mas depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que nada do que eu tenha feito pode ter causado isto. Por fim, me convenci de que tratava-se apenas de uma fase, como tantas outras que ele vivencia.
Mas o ponto principal de meu texto nem é este. Apenas relatei a situação para que vocês entendam o que me motivou a escrevê-lo.
A partir desta fase do meu pequeno (que parece estar passando, ufa!) comecei a me questionar a respeito do famoso “amor incondicional” que insistimos em dizer que as mães sentem pelos filhos. Ora, “incondicional” significa “que não supõe ou não admite qualquer condição”, de acordo com o dicionário. Ou seja, se amor de mãe é incondicional, isso quer dizer que ela precisa amar sua prole sem desejar, exigir ou até mesmo esperar absolutamente nada em troca. E de repente me dei conta que meu amor pelo meu bebê não é incondicional... por quê? Porque eu não admito amá-lo sem ser correspondida. Quero muito que ele me ame e faça questão da minha companhia assim como eu faço da dele. Sei que talvez ele não sinta por mim um amor tão intenso como sinto por ele, mas certamente toda mãe espera afeto e carinho dos filhos.
Amor de mãe pode até ser incondicional em outros aspectos, por exemplo, não espero de forma alguma que meu filho compense os (enormes) gastos financeiros que tenho com ele, e sei que quando eu ficar velha talvez ele não tenha disponibilidade para me alimentar, me banhar ou cuidar de mim como faço com ele, até porque provavelmente terá uma família e uma vida para cuidar também. Mas amor... ah, isso toda mãe quer de volta!