Está prestes a ser aprovado (assim espero) o Projeto de Lei 2652/2003, popularmente conhecido como “Lei da Palmada”, que proíbe a aplicação de castigos corporais a crianças e adolescentes, seja em casa ou na escola, por qualquer pessoa responsável por seus cuidados. Eu não poderia deixar de escrever em meu blog a respeito deste assunto, já que o mesmo tem mexido com os “brios” de muita gente (contrárias e favoráveis ao projeto) e incitado discussões pra lá de calorosas nas redes sociais.
Chamou-me a atenção o número de pessoas contrárias ao projeto, e até mesmo indignadas. São muitos os argumentos utilizados por elas, e vejo que os dois principais são: a) Há crianças que precisam apanhar para aprender; b) A autoridade da família não pode sofrer interferência do governo.
Primeiramente, não acredito que algumas crianças devam apanhar, e outras não. Ninguém é naturalmente bom ou mal, não nascemos com nosso caráter e nossos valores formados. Eles são construídos ao longo da vida, e a família é uma das principais influências neste processo. Sendo assim, uma criança que cresce sendo agredida, seja fisicamente ou emocionalmente, por consequência vai aprender a resolver seus problemas por meio da agressão. Esta agressividade pode acabar se voltando para os coleguinhas de escola, os irmãos e até mesmo voltar para os próprios pais. E aí, com que moral um pai que bate corrige um filho que faz o mesmo?
Com relação à questão da autoridade, penso que as pessoas precisam aprender a diferenciar AUTORIDADE de AUTORITARISMO. Um relação de autoritarismo é construída por meio de coerção, de ameaças. A pessoa autoritária até pode ser obedecida, mas quem obedece o faz por MEDO. Já uma relação de autoridade é construída naturalmente, por meio do exemplo e das atitudes do dia a dia. Em uma relação de autoridade, aprendemos a obedecer o outro porque confiamos e o respeitamos.
Considero-me um exemplo vivo de que é possível educar um filho sem agredi-lo fisicamente. Nunca apanhei de meus pais; levei bronca, ganhei castigo (ficar sem TV, sem doce, sem revistinha...), mas não levei uma única surra. Sou perfeita por isto? Óbvio que não, mas tenho certeza de que meus pais têm orgulho da pessoa que me tornei. Eles perderam a autoridade sobre mim por isto? Só posso dizer a vocês que hoje sou mãe de família, tenho quase 30 anos, e até hoje tenho o maior respeito do mundo pelos meus pais. Respeito, não medo. É isto que quero que meu filho sinta por mim.
Pode ser que um dia eu perca controle e bata no meu filho? Farei o possível para que nunca aconteça, mas se acontecer, considerarei esta atitude um erro e certamente pedirei desculpas. Uma criança não precisa pagar pela falta de controle emocional de um adulto. E como diz a sabedoria popular: “Vá bater em alguém do seu tamanho”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário