domingo, 21 de agosto de 2011

CUIDANDO DO CUIDADOR


Há alguns dias assisti a um programa na televisão que fala de assuntos variados na área de saúde, e o tema do dia era estresse. Em determinada altura do programa, os apresentadores propuseram aos telespectadores um teste que avalia o nível de estresse. Pois bem, respondi ao tal teste e o resultado foi que meu nível de estresse está dentro do normal; mas não é neste ponto que quero chegar com meu texto. Uma das perguntas do teste está martelando há dias na minha cabeça: “você reserva um tempo do dia para cuidar de si mesmo”? Eu pensei, pensei e repensei, e cheguei à conclusão de que tenho tido pouco, pouquíssimo, quase nada de tempo para cuidar de mim mesma.
Penso que esta é uma condição normal da maternidade, ainda mais para mães de bebês, que são seres totalmente dependentes para tudo. Entretanto, isto não deixou de me despertar outra questão: o fato de que nosso bem estar, seja ele físico ou psicológico, influencia profundamente o bem estar dos nossos pequenos. Dedicamos tanto nossa atenção e cuidados a eles, que acabamos esquecendo, ou pior, achando natural não cuidar de outras áreas da nossa vida como o trabalho, o maridão, a casa, a família, e de nós mesmas. E não cuidar destas áreas certamente fará com que a mãe sinta-se, mais cedo ou mais tarde, desanimada e desmotivada. E é aí que eu quero chegar: será possível uma mãe desanimada e desmotivada criar um bebê feliz? Eu particularmente acredito que NÃO!
A sociedade cobra tanto das mães do tal do “amor incondicional”, que a mãe que separa-se do filho de vez em quando para cuidar de outras áreas da vida acaba sendo até mesmo criticada e condenada. Dizer que deixou de comprar um brinquedo para o filho para comprar uma roupa nova para si mesma? As pessoas acham um ABSURDO, mesmo que seu pequeno tenha um armário estourando de tranqueiras que ele nem usa. Deixar o bebê chorando por alguns minutos para terminar de lavar e secar seus cabelos? CRUELDADE. Levar o bebê para dormir na casa da vó, enquanto você e o maridão saem para fazer aquele programa de casal? Ô MÃE DESNATURADA! E por aí vai, os exemplos são inúmeros.
O que as pessoas não percebem é que estamos fazendo o caminho inverso: cuidamos primeiro do bebê, e depois (se der tempo) dos outros filhos, da casa, do marido, e por último de nós mesmas. Com isto, todo mundo vai ficando cansado e desgastado, e o bebê certamente percebe e absorve todos estes sentimentos. Deveríamos então inverter esta ordem: cuidar de nós mesmas e das outras áreas da nossa vida, pois assim a família toda fica mais feliz, e consequentemente conseguirá criar um bebê mais feliz e saudável. Isto quer dizer que as necessidades do bebê passarão a ser ignoradas? É ÓBVIO que não! Apenas precisamos entender que ter uma mãe feliz e satisfeita com sua vida, é também uma necessidade importante do pequeno.

2 comentários:

  1. Com certeza Karol... existem muitos estigmas em relação ao fato de ser mãe, ouço o tempo todo que o fato da maternidade 'deve' nos deixar menos egoístas perante o mundo, no sentido de que daqui pra frente não existe mais a mulher, a filha, a profissional, mas somente a mãe e estes exageros e cobranças é que dificultam o equilíbrio... não sou mãe, mas como educadora e psicóloga, acho que estar bem consigo mesma faz uma diferença enorme quando se cuida do outro! Adorei suas palavras :)
    beijoss

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  2. Karol, é a infeliz e equivocada ideia de que "ser mãe é padecer no paraíso". Parece que mãe é um ser sobrenatural, um anjo de candura, uma super mulher. Que nada, mãe é um ser humano como qualquer outro. Lógico, ela tem um certo "poder", porque traz ao mundo um novo ser, após alimentá-lo e cuidá-lo durante todo o processo de formação, e continuará fazendo isso se assumir a responsabilidade da maternidade. Mas mãe também chora, também sente dor, sente prazer, tem desejos... Muitas mãe vivem dessa forma, padecendo, padecendo, padecendo... nem se dão conta de que podem estar formando seres egoístas, que vão refletir isso socialmente. Algumas vão cobrar mais tarde, por tudo o que fizeram por seu filho. De certa forma, esse ideal de mãe que temos, é uma construção social. É um tema muito interessante, que daria uma bela pesquisa. Que bom que você está expondo isso. Acho muito importante refletirmos sobre esse assunto.
    Um beijão, e parabéns pelo blog.

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