Há alguns dias assisti a um programa na televisão que fala de assuntos variados na área de saúde, e o tema do dia era estresse. Em determinada altura do programa, os apresentadores propuseram aos telespectadores um teste que avalia o nível de estresse. Pois bem, respondi ao tal teste e o resultado foi que meu nível de estresse está dentro do normal; mas não é neste ponto que quero chegar com meu texto. Uma das perguntas do teste está martelando há dias na minha cabeça: “você reserva um tempo do dia para cuidar de si mesmo”? Eu pensei, pensei e repensei, e cheguei à conclusão de que tenho tido pouco, pouquíssimo, quase nada de tempo para cuidar de mim mesma.
Penso que esta é uma condição normal da maternidade, ainda mais para mães de bebês, que são seres totalmente dependentes para tudo. Entretanto, isto não deixou de me despertar outra questão: o fato de que nosso bem estar, seja ele físico ou psicológico, influencia profundamente o bem estar dos nossos pequenos. Dedicamos tanto nossa atenção e cuidados a eles, que acabamos esquecendo, ou pior, achando natural não cuidar de outras áreas da nossa vida como o trabalho, o maridão, a casa, a família, e de nós mesmas. E não cuidar destas áreas certamente fará com que a mãe sinta-se, mais cedo ou mais tarde, desanimada e desmotivada. E é aí que eu quero chegar: será possível uma mãe desanimada e desmotivada criar um bebê feliz? Eu particularmente acredito que NÃO!
A sociedade cobra tanto das mães do tal do “amor incondicional”, que a mãe que separa-se do filho de vez em quando para cuidar de outras áreas da vida acaba sendo até mesmo criticada e condenada. Dizer que deixou de comprar um brinquedo para o filho para comprar uma roupa nova para si mesma? As pessoas acham um ABSURDO, mesmo que seu pequeno tenha um armário estourando de tranqueiras que ele nem usa. Deixar o bebê chorando por alguns minutos para terminar de lavar e secar seus cabelos? CRUELDADE. Levar o bebê para dormir na casa da vó, enquanto você e o maridão saem para fazer aquele programa de casal? Ô MÃE DESNATURADA! E por aí vai, os exemplos são inúmeros.
O que as pessoas não percebem é que estamos fazendo o caminho inverso: cuidamos primeiro do bebê, e depois (se der tempo) dos outros filhos, da casa, do marido, e por último de nós mesmas. Com isto, todo mundo vai ficando cansado e desgastado, e o bebê certamente percebe e absorve todos estes sentimentos. Deveríamos então inverter esta ordem: cuidar de nós mesmas e das outras áreas da nossa vida, pois assim a família toda fica mais feliz, e consequentemente conseguirá criar um bebê mais feliz e saudável. Isto quer dizer que as necessidades do bebê passarão a ser ignoradas? É ÓBVIO que não! Apenas precisamos entender que ter uma mãe feliz e satisfeita com sua vida, é também uma necessidade importante do pequeno.