A coisa mais difícil para uma mãe, especialmente de primeira viagem, é aprender a cuidar do bebê, segurá-lo, alimentá-lo, trocar as fraldas, dar banho, etc., certo? Errado. O mais difícil é ter que lidar com uma infinidade de pessoas que querem ensiná-la a cuidar do bebê. Os conselhos são intermináveis:
- “Não segure ele assim”;
- “Você não dá chá para ele? Mas é importante para hidratá-lo!”; ou
- “Você dá chá para ele? (em tom de indignação) Mas ele é muito novinho. O correto é dar só leite”;
- “Este menino está com muita roupa”; ou “Este menino está com pouca roupa” (às vezes referindo ao MESMO traje no MESMO dia!)
-“Para que penteá-lo? Para que passar creme nele?”
- “Você demora muito para trocá-lo. Ele está com frio!”...
Enfim, se todos os conselhos ouvidos por uma mãe de primeira viagem fossem listados aqui, este post seria grande demais para a capacidade do blog. O fato é que tais conselhos, quando não requisitados, exercem os mais diversos efeitos sobre a mãe, e pode ter certeza, nenhum deles agradável. Um dos principais é o sentimento de incapacidade; ouvir tantos conselhos faz com que a mãe questione-se se está cuidando do bebê de maneira adequada, pois se estivesse as pessoas não interfeririam desta forma. Às vezes a mãezinha deixa de sentir-se mãe de verdade, sente-se como uma menina brincando de boneca. Outro sentimento, obviamente, é a insegurança: se alguns dizem que o bebê está com excesso de roupas e outros não, se alguns dizem para dar determinado alimento e outros não, QUAL ORIENTAÇÃO A MÃE DEVE SEGUIR? Além disso, a mãe passa a sentir-se constantemente avaliada, o que faz com que perca totalmente a espontaneidade ao cuidar do bebê, e procure fazer o que os outros esperam que façam e não o que deseja realmente.
A verdade é que não existe apenas uma forma de ser mãe. A relação de cada mãe com cada bebê será construída de maneira única, a passos lentos, e por meio da experimentação. Está comprovado que uma das maneiras mais eficazes de aprendizagem é o “ensaio e erro”, e isto também vale para a maternidade. É errando que a mãe de primeira viagem aprenderá a ser mãe. Não existe outra forma, e os conselhos não evitarão que tais erros aconteçam.
Mais curioso ainda é ver tais conselhos partindo de mulheres que ainda não são mães...
“Se conselho fosse bom, a gente não dava, vendia”. Acho que esta é a mensagem deste texto. Mesmo assim, não resisto, vou ter que dar alguns conselhos mesmo apresentando uma posição contrária aos mesmos. Na verdade são mais pedidos (ou seriam súplicas?) do que conselhos.
a)Conselho de uma mãe de primeira viagem para mães experientes: deixem que a nova mãe experimente, tente, crie sua própria maneira de ser mãe. E não se preocupem, se ela precisar de ajuda nesta nova condição certamente a requisitará!
b)Conselho de uma mãe de primeira viagem para as não-mamães: guardem sua forma de ser mãe para os bebês que um dia virão. Eles irão precisar!
c)Conselho de uma mãe de primeira viagem para as outras mães de primeira viagem: sua forma de ser mãe é única. Ninguém tem o direito de lhe privar desta aprendizagem, que apesar de difícil é uma das mais prazerosas do mundo. Lute por ela!